O RPG de mesa vai muito além dela

Venho aqui contar uma experiência recente em uma das minhas jogatinas onde eu era um Elfo/Conjurador e estava acompanhado pelos personagens dos demais jogadores.

Tudo corria bem, já havíamos passado dias vivendo desafios juntos e nos últimos eventos meu personagem havia perdido um braço pelo avanço na campanha (substituído por um de aço like a fullmetal). Muitos se sentiam culpados pelo meu estado, mas enfim seguimos adiante até termos uma pausa na ação, pois o Mestre tinha que inserir um personagem novo (acredito que toda mesa tem aquele que entra depois).

c fb c b eae e a xQuando ele chegou, sacou suas armas ao ver o grupo e nós, em reação, questionamos quem ele era. Ele disse que veio ao encontro do meu personagem para me ajudar em minha missão a pedido de minha irmã, até ai ele não disse nada de errado, até… Ele dizer que em troca ela pagaria com serviços sexuais… Algo que era mentira, pois o Mestre tinha descrito como foi o contrato, além disso, como personagem meu Elfo saberia que alguém da linhagem dele, com quem ele cresceu junto e com uma personalidade definida pelo Mestre nunca faria isso.

Em ódio, meu personagem quis o embate, confiante de que seria o fim daquele cavaleiro que chegou do nada, armado e ofendendo a família dele de maneira pesada até pra uma mesa de RPG onde o cenário é anime fantástico.
De todos, apenas 1 jogador estava disposto a me ajudar… Simplesmente, quando se tratou de enfrentar a ficha de outro na mesa, todos tinham várias razões para seus personagens não entrarem em combate contra ele, indiferente do quanto meu personagem se sentiu ofendido.

Eu achei tão frustrante que sai do personagem na hora falando que aquilo não fazia sentido, um verdadeiro “chilique” de minha parte criticando que eles não “estavam no personagem” (-.-„) pela situação de pura traição.
O Mestre resolveu a situação de uma maneira que o grupo pudesse jogar junto e em instantes aquele desconhecido estava seguindo ao nosso lado. Isso me fez lembrar aquela cena na série “The Gamers” (fácil de achar no youtube), onde um mago negro recém-chegado quer entrar no grupo dos jogadores por ver que eles não possuem um mago e o grupo concorda de cara.

Minhas dúvidas depois da jogatina foram:

– Será que eu exagerei em me frustrar tanto com essa situação clichê?

– Eu estava demais no personagem por simplesmente querer matar uma ficha que levou horas pra ser feita pelo jogador que é meu amigo?

– Eles não estavam imersos por se recusarem a combater?

– Eu to levando o RPG a sério demais?

– Eu devia parar de jogar RPG? (Pra essa eu soube a resposta na hora. Não, não devia).

Bom, foram horas em que eu permaneci questionando tudo isso em minha mente e até fui conversar com os demais jogadores. Uns me responderam que eles não teriam agido como agiram, que deveriam sim ter atacado, mas ficaram sem saber o que fazer naquela encruzilhada. Outros falaram de traços em seus personagens que o meu ainda não tinha conhecido, mas que eram o bastante para justificar porque eles não atacaram o cavaleiro.

Então pensei que o que havia acontecido ali era algo mais profundo. Considerando que todos estavam em seus personagens, minha frustração não foi só como jogador, mas como personagem, pois eu não conhecia meus companheiros a tanto tempo e coloquei uma confiança falsa neles.

Na vida somos cercados de humanos que se mostram confiáveis para muitas coisas, até que você precise dela em algo que a faz questionar seus próprios ideais. Quando essa pessoa companheira se vê nessa situação ela pode manter a confiança ou escolher seus conceitos de certo e errado, “traindo” você. Quem nunca passou por essa situação? Eu mesmo tive momentos críticos da vida em que precisei escolher meus ideais ao invés da amizade, pois meu amigo estava errado do meu ponto de vista.

Foi então que alcancei uma conclusão, talvez não perfeita, mas que teve lógica para o meu personagem inclusive. Ele compreendeu que investiu muita fé em aliados desconhecidos que tinham suas vidas e suas próprias motivações para estarem nesta missão. Essa situação tão complicada me evoluiu muito como jogador, pois a interpretação de personagem vai além dos estereótipos! Cada personagem tem um passado, uma infância, uma família, enfim, coisas que os moldaram a ser quem são! Isso vai além de você achar que “só porque são um grupo, são todos amigos”.

Pode ser uma conclusão boba para aqueles que possuem muitos anos de RPG, mas como um Mestre e Jogador novato, posso dizer que essa vivência me melhorou como player e como pessoa.

Hajimemashite! Muito Prazer! Eu me chamo Miguel, o Beholder!

Tenho 20 anos e toda a vontade do mundo de defender o RPG com unhas e dentes!

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8 Comentários
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Tissane Costa

Esse novato ai merecia pelos menos uns tabefes in game até ele retirar o que havia dito… Até porque ele era um desconhecido chegando no meio de um grupo falando uma asneira dessas. Na minha opnião teria sido menos forçado ter rolado um combate, mesmo que não até a morte, do que ele magicamente virar amiguinho….

r2pg

Hehehe, violência nunca é a resposta… mas.. também acreditamos que o combate não seria problema nenhum, mas cada mesa tem que caminhar de uma forma que seja no mínimo agradável para todos os envolvidos. Bom no caso nosso querido amigo não ficou muito satisfeito mas por fim foi uma experiência valida, talvez uma outra postura acabasse por ter um resultado negativo para o novato fanfarrão.

Angelo Moreira

Você é o Beholder? te imaginava diferente, tipo, mas esférico.

Jeff Silva

Acredito que um Anão agiria dessa forma, explosiva. Mas um Elfo teria tido uma sacada mais inteligente, mesmo desejando ver o fim do outro personagem ele seria mais elegante, mais sutil em suas ações. Mas essa é minha opinião.

Nix

http://aminoapps.com/c/rpg-mundo-sombrio-1/

Hey, essa é a nossa comunidade de rpg, poderiam dar uma olhada?
Iria nos ajudar muito!

Angelo Moreira

Violência não é a resposta… só quando dá resultados…

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